domingo, 5 de junho de 2011

Quem saberia perder?

No início de uma madrugada fria dessas, me peguei pensando, refletindo sobre a vida, ouvindo canções que me levavam a tal. Pois bem, uma dessas audições me atentou especialmente a algo interessante: A questão da nostalgia.
Tal canção, em seus primeiros versos, condiciona o sentimento nostálgico ao homem mais afastado das grandes metrópoles:

"..Bicho de rio e de mato
Peixe criado em lagoa
Voa tristeza, voa vempo, voa tempo, voa...."

E depois em outros versos, diz:
"..Mas qual de nós não carrega no peito
Um segredo de amor escondido..."

Ouvindo com um espírito reflexivo mais latente no dia, tomei a liberdade de ampliar os horizontes geográficos, ou seja, deixei de restringir o ambiente no qual vive o Homem (espécie) e pensei da seguinte forma: Todos nós tivemos, em algum momento de nossas vidas, histórias que foram interrompidas muitas vezes de maneira brusca, quando achávamos que o melhor ainda seria vivido. Daí, vêm as teses, dúvidas, pareceres, inconformismos (e/ou) aceitações sobre tudo que envolveu o ocorrido. Então, passado o tempo, essas histórias se tornam lembranças, experiencias que carregamos para o nosso estágio atual.
Porém, pode ser que tal estágio também não se apresente tão promissor, tão tranquilo e sereno quanto esperávamos e, mais uma vez, os pensamentos se cruzam, se desencontram em busca de respostas. E é nesse momento que as antigas lembranças já escondidas em algum lugar da mente resolvem voltar á tona, despertando aquela sensação de que tudo poderia ter sido diferente, caso aquilo não fosse o pretérito e vive nesse instante a vã ilusão de querer de volta o perdido.

"Desde pequeno eu estou por aqui
Na mesma vida que sempre aprendi
Bicho de rio e de mato
Peixe criado em lagoa
Voa tristeza, voa vento, voa tempo voa

O cavaleiro na estrada sem fim
O contador de uma historia de mim
Vivo do que faz meu braço
Meu braço faz o que a terra manda
Voa tristeza, voa vento, voa tempo voa

Mas qual de nós não carrega no peito
Um segredo de amor escondido?
Diga quem nunca levanta de noite
Querendo de volta o perdido?

Oooô ooô
Quem saberia perder?
Oooô ooô
Quem saberia perder?"

Quem saberia perder

(Sá e Guarabira)

Intérprete: Ivan Lins

http://www.youtube.com/watch?v=PpzEn_bd-JY

domingo, 21 de novembro de 2010

Menor Abandonado

Circulando pelas ruas de nosso país, facilmente nos deparamos com uma triste, cruel e gritante realidade: Abandono de crianças e adolescentes que deveriam ser amplamente acolhidas, não apenas pela questão da solidariedade,mas principalmente para terem a chance de buscar um futuro melhor e com isso, mesmo que da forma mais simplória, colaborarem de fato para com o crescimento desse Brasil. Mas sabemos que infelizmente muito do que foi escrito ainda não saiu de maneira eficaz do campo das idéias e teses sociais e o que vai acontecendo enquanto isso? Esses menores vão buscando formas, muitas vezes, ilícitas de sobrevivência. Quantos de nós já não foram abordados(violentamente) por vários deles querendo um trocado, um biscoito que você comprou pra fazer um lanche rápido, sua bolsa, seus pertences pra usá-los como moeda de troca para comprar e consumir entorpecentes, uma espécie de fuga na selvageria da vida urbana?
Mas o ponto a ser abordado aqui é que muitos ainda têm esperanças de sair dessa vida turbulenta, complicada, alimentam o sonho de ter uma casa ou melhor, um lar, para serem supridos em suas necessidades e amados como alguns destes nem tem idéia do que esse verbo representa. E com isso, pensarem num futuro com reais expectativas de prosperidade, longe do conturbado modo de vida que assola, deturpa e mata os seus sonhos diariamente.

"Me dê a mão
Eu preciso de você
Seu coração
Sei que pode entender
E o calçadão é meu lar, meu precipício
Mesmo sendo sacrifício
Faça alguma coisa pra me socorrer

Eu não quero ser
Manchete em jornal,
Ibope na TV
Se eu ficar por aqui
O que vou conseguir
Mais tarde será um mal pra você

Não ser um escravo do vício
Um ofício do mal
Nem ser um profissional
Na arte de furtar

Quero estudar, me formar
Ter um lar pra viver
E apagar esta má impressão
Que em mim você vê"

Menor Abandonado (Pedrinho da Flor, Mauro Diniz e Zeca Pagodinho)

domingo, 14 de novembro de 2010

Solidão

(Pondo um pouco de música como já feito anteriormente, com interpretação livre da mesma)

De vez em quando já parou pra pensar sobre seu histórico afetivo? Imagine que você, vasculhando seu passado, leve sua memória até aqueles remotos tempos de conversas com seus colegas de rua ou de escola, época na qual os assuntos de conquistas ao sexo oposto começam a ser expostos com maior intensidade, acompanhando a efervescência dos hormônios. E vai se lembrando que ria com inúmeras histórias, diversos casos sobre as "namoradinhas" de seus colegas, mas também lembra que, muitas vezes, você só ouvia, não tinha história pra compartilhar, ainda penava pra entender como eles conseguiam e você, não. Mas aí, se pensa: "Mas essas são passagens de um tempo onde ainda não se tem noção real da vida". Muito bem, então você começa a avançar com suas lembranças na linha do tempo até momentos mais recentes. Alguns amigos se mantiveram, outros se afastaram e novos se fizeram chegar. Mas as tais conquistas nunca saem de pauta entre pessoas de um grau considerável de amizade e são relatadas novas histórias de êxito, sejam elas sérias ou casuais. Então se percebe novamente sendo um mero ouvinte da felicidade ou sagacidade alheia. E assim, começa a mergulhar de maneira mais íntima em sua pessoa, recapitulando suas experiências, tentando esmiúçar em cada uma algo que te ajude a entender porque as coisas não andam de um modo que poderiam ser consideradas histórias boas, não no sentido de deixar mais preparado para outras ocasiões, pois isso já é fato, mas no sentido de não ter deixado nenhuma dúvida ou trauma. E no fim das contas, você se vê sem respostas e exatamente do jeito no qual se encontra desde quase sempre: Sozinho.

"Toda solidão tem um por quê
Por quê então do meu sofrer
Se faço de tudo na vida pra ser feliz
Se não desfaço de nada e de ninguém?
Sou tão pouco peso que nem marco o chão
A coisa maior que eu tenho é meu coração

Por quê será que não sei
Por quê será
Que isso acontece comigo
Por quê será?

Meus olhos procuram no tempo uma estrela perdida
Pra que seja só pra mim
Pra que volte o meu cantar (porque)
Meu peito é um barco agarrado na beira do rio
Que fica parado, que fica no frio
Sem poder chegar no mar"

Solidão (Agepê e Canário)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Enfim

A insônia novamente marca sua presença, bate seu ponto naquele que parece ser seu serviço: colocar minha mente para trabalhar quase que compulsoriamente. Só que, diferente de outras ocasiões, a confusão mais do que nunca se estabelece e talvez o que eu escreva aqui tenha apenas a mera função de mostrar isso. Depois dessa introdução que pode ser vista como um antecipado pedido de desculpas, tratarei de iniciar.
Estou me percebendo numa mistura de decepção e desapontamento. Fruto, talvez, da humilde, mas típica observação dos acontecimentos, aquela tal mania de sempre tentar uma análise na busca do entendimento de certas imprevisibilidades. Porém, quanto mais aumenta, ainda que sutilmente, a capacidade de enxergar, mais eu noto tamanha volubilidade das pessoas. Tudo muda abruptamente, sem aparentes motivos ou se os têm, os oculta num primeiro instante. Em um momento, me parece receio em se abrir a uma nova realidade de idéias e pensamentos, em um outro, a mera idéia de um simples momento de convivência, quando a proximidade e as indicações eram convergentes para algo tranquilamente viável, mas que se interrompe por outros desconhecidos interesses.
E nesse emaranhado de suposições, também vou refletindo um pouco sobre minhas atitudes e percebo que, de fato, não encontrei ainda um ponto certo para lidar com certas situações, frustrações, etc. Não sei, às vezes, histórias que poderiam ser resolvidas com toda serenidade, tranquilidade e terem continuidade de uma maneira (bem) agradável (a palavra "bem" é mais do que proposital) acabam se desdobrando de outro jeito, em buscas em outros ares, enfim, não sei ainda onde eu cataliso tal desinteresse, tal fuga, se é que esta é tão necessária mesmo.
Pois bem, tentei escrever um texto aparentemente cifrado, na tentativa de ser um pouco genérico ou um pouco enigmático. Não sei se consegui, o que talvez reflita meu dilema nessa "nova construção do meu eu", na tentativa de ser menos expansivo, mais "distante" dessa coisa toda de possuir uma emoção que "não é a emoção das nuvens de algodão que vêm e logo vão"(*)

(*) Citação de "A oitava cor" de Sombra, Sombrinha e Luiz Carlos da Vila

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Fel, mágoa, sofreguidão

É difícil entender o ser humano, quando entra em questão a palavra "MÁGOA". Você pode deixar ou sofrer dessa sensação por inúmeras vias como uma palavra mal dita por um amigo seu ou alguém tentando te prejudicar em seu trabalho, etc. Mas vou centrar na velha questão do relacionamento (É, admito gostar de falar, debater a respeito).
O fato é o seguinte: Você conhece alguém que diz ter muita mágoa, várias feridas mal cicatrizadas de relações anteriores devido à indiferença, falta de atenção, afeto, carinho da então outra parte. Digamos que, mesmo assim, acontece uma aproximação, as conversas ficam mais íntimas e o envolvimento se faz presente seja para algo ocasional ou com alguma perspectiva. Aí, você começa a ter a constante expectativa da próxima vez que irão se cruzar, já que a essa altura, a presença de tal pessoa, por si só, já te deixa em polvorosa, ao mesmo tempo que começa a aparecer ansiedade para que algo mais aconteça.
E enfim, as cartas são postas na mesa, a proposta é feita, depois da devida análise de tudo o que vinha ocorrendo. A pessoa então, não nega, num primeiro momento até se diz disposta, mas começa a ensaiar já um distanciamento, alegando não querer mergulhar em outra história de amor (ainda que nem isso você tenha dito). Aí, você tenta argumentar e sempre é uma outra e mais outra desculpa, até que surgem a indiferença, falta de carinho, etc. Exatamente do que esta pessoa reclamava antes com você, que servia pra ouvir, debater com bastante atenção, mas que agora passa a impressão de um qualquer sem a mínima importância. Agora, é você que carrega todo esse peso amargo de ser deixado de lado e no calor dessa cruel sensação, entra a tal difícil compreensão do ser humano, conforme o início do texto: O desejo de "vingar" em outro alguém aquilo que sofreu. Mas se é sabido que isso é tão ruim, por quê disseminar esse fel?

"A sofreguidão
Porque passei fez-me reconhecer
Que o teu amor foi grande amor
Não vacilo em dizer, não, não
Tudo o que sofri e que vivi
Depois que te deixei
Causou-me um mal confortador
Sentir as dores que senti
Por teu amor

Procurei viver novas emoções
Talvez animado pela vaidade
De fazer sofrer outros corações
E bati na porta da infelicidade"

Sofreguidão (Elton Medeiros / Cartola)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Mais uma vez

(Texto antigo, mas achei válido de postar)

Estou com vontade de chorar
Pois o meu coração está ferido
Já não sei mais como aliviar
A dor que tem me invadido

Mais uma vez me vem a solidão
Dizendo:"Que bom, meu rapaz, te encontrar"
Enquanto isso, o meu pobre coração
Vai perdendo o gosto de amar

Mais uma vez, eu vou ao espelho
E vejo o triste retrato de minha face
Os meus olhos estão vermelhos
Pois se perde outra chance de enlace

Se um dia, alguém me perguntar
"Como é ter alguém ao seu lado?"
Responderei que esse gosto de amar
Já faz parte do passado

Se alguém vier me confortar
Dizendo que o amor não é nada sem sofrimento
Terei a triste sina de responder
"Amor, desse jeito, não mais aguento"

terça-feira, 15 de junho de 2010

Tolice

Pois é,
Mais uma madrugada na qual o sono não vem. O meu sossego é permanentemente perturbado por uma gama de pensamentos que retratam o estado de total aflição que, mais uma vez, ronda minha alma e meu coração.
Estava eu, relativamente quieto em termos de “procuras” sentimentais, até que aparece algo que parece interessante num primeiro momento. Algo casual, sem compromisso, sem cobranças, sem vontades impostas, mas também sem limites impostos em uma primeira instância. Enfim, tudo que era necessário para momentos que poderiam mais serenos ou mais tórridos, dependendo da ocasião. Aliás, diga-se de passagem, ocasião era a palavra. O vocábulo ‘obrigação’ só serviria mesmo para rimar num poema ou numa letra de música.

Mas acontece que aquilo que era pensado (e executado) apenas para a eventual e mútua satisfação de carências toma um rumo inesperado em minhas vãs idéias: Uma possível esperança de posse tanto no âmbito corpóreo quanto no emocional, o que pode ser atrelado a um certo desejo de exclusividade, coisa esta que jamais foi prometida. A partir desse momento, o que se apresentava como casualidade, passa a tomar forma de um constante pesar. Isso é causado também pelo meu jeito, talvez errôneo e ingênuo, de lidar com este nível de relação. Em diversas oportunidades, fui inconveniente no momento de dar um passo adiante, seja lá como isso possa interpretado. E há o recorrente erro da extrema facilidade no sentido de se apegar, por mais que seja sabido que são outros os verbos e atos apropriados.

Enquanto eu me expresso nesse emaranhado de letras e palavras, é bem possível que outro alguém esteja bem, contente, sabendo fazer exatamente como ela gosta. Pois é, quando vou aprender?

E cá estou me torturando de novo por não me portar como devo.

Wanderson Lucio.